quinta-feira, 14 de maio de 2015

Do dia em que meu carro resolveu estacionar no vizinho

        Existem momentos e situações inacreditáveis que acontecem no nosso dia-a-dia. Comigo, foi quando meu carro se rebelou e resolveu que a garagem da minha casa não era boa o suficiente pra ele.
        Quando você estaciona seu meio de locomoção, existe um aparato chamado "freio de mão". Sim. Aquele que você tem que puxar com força e que faz um barulho pra puxar, meio duro. Pois bem. Ontem, parei meu carro na garagem, depois de subir uma rampa. Coloquei no "P", que é o park (estacionar) e supostamente puxei meu amigo, o freio.
        Ah! A incerteza das situações é o que mata os seres humanos e fere suas mais profundas indagações.
        Entrei na minha casa, meu pai deitado com sono, eu guardando a bolsa...
        PAAAAAH! ..... PAHHHHH! PAHH!
        MEU DEUS, O QUE TÁ ACONTECENDO?
        Quando você ouve um estrondo gigantesco, meia-noite, parecendo que o mundo caiu, o que você pensa?
        A princípio, saí correndo. Achei que havia acontecido um acidente na frente da minha casa. "Alguém perdeu o controle e bateu no portão" - foi o primeiro pensamento que me veio à mente, aquele que acontece em uma fração mínima de segundos.
        Olhei pela janela. "CADÊ MEU CARRO?" O portão jogado no meio da rua. Portão de ferro, preto, forte. Como alguém poderia ter arrancado o portão do lugar tão freneticamente e roubado o carro? Não era possível. Meus dedos já haviam tomado vida e digitado 190 na tela do meu celular, que tremia na minha mão.
        Em meio aos meus gritos - sim, talvez minha reação tenha sido um pouco histérica, mas quem nunca deu uns berros que ature a primeira pedra - olhei ao fundo, além do meu portão, além da rua, da calçada, do portão escancarado da casa do vizinho: meu carro! MEU CARRO! - "Cara, o que é que você tá fazendo aí?"
        Ele tinha um olhar tão perdido, havia descido todo aquele percurso de costas, talvez sem saber o que estava acontecendo. Parado. Estacionado. Reto.
        Os momentos que se seguiram foram confusos. Não consigo entender o que aconteceu, só lembro de pessoas, meu pai e irmão em choque, meu carro na garagem alheia.
        Alguns minutos depois ouvi outro estrondo: Michael Schumacher Schumacher - ou aspirante - passou correndo em cima do portão que estava completamente torto e no canto da rua. Estava errado, mas ao menos desentortou o portão, o que não era algo tão ruim assim.
        Meu carro havia descido, retirado um portão, aberto outro, batido no carro do vizinho, derrubado tanque... Ensandecido.
        A noite passou, e até agora quando fecho meus olhos só consigo ver meu carro perfeitamente estacionado em uma garagem que não era a minha.

Moral da história: "Mais vale um freio de mão puxado do que carros voando".

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